sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Inovar ou inovar

Aos 40 anos King Gillette era um inventor frustrado, um anticapitalista amargurado e um vendedor de tampas de garrafa. Um dia, quando fazia a barba com uma navalha gasta, que não podia mais ser afiada, teve uma ideia. Em vez de perder tempo afiando a navalha, as pessoas as descartariam quando perdessem o fio. Alguns anos depois nasceu o aparelho de barbear seguro, descartável e barato. Entendeu que iria ganhar dinheiro vendendo lâminas que se adaptavam ao aparelho. Colocou o próprio rosto na embalagem e conseguiu um contrato com o exército americano. Com isso, difundiu o desejo do público de ter um aparelho prático e fácil de usar. Criou a demanda pelas lâminas descartáveis e se tornou uma potência empresarial. O nome dele virou substantivo. No Brasil, se dizia “me da uma gilete” e não uma lâmina de barbear.Até no jornalismo usava-se o jargão “ gilete press”, quando se recortava noticia de jornal ou revista.  O seu verdadeiro lucro nos negócios vinha da alta margem das lâminas. A inovação não parou por aí.
A Gillette produziu o Prestobarba, de duas lâminas. Depois veio o aparelho de duas lâminas móveis e assim por diante. Atualmente, existe aparelho de barbear de até cinco lâminas.  Obviamente, o lucro com o valor agregado no produto é maior do que o número de lâminas. Estas ações mostram que um produto pode sofrer uma inovação incremental ou radical. King Gillette iniciou seriamente sua empresa com uma inovação radical, ao trocar a navalha pelas lâminas descartáveis. Deu continuidade ao crescimento do negócio ao proporcionar melhorias constantes no aparelho de barbear a ponto de torná-lo ícone do consumo, objeto de desejo dos homens de todo o mundo. Há outros exemplos de empresas e produtos que usaram um ou outro tipo de inovação separadamente, mas o exemplo da lâmina descartável se difundiu. A empresa ousou criar outros produtos paralelos como creme de barbear, loção pós barba, etc. Ou seja uma vez aberta a picada não parou aí.É visível, hoje, do telefone celular às sofisticadas máquinas de café que usam sachês caros, que sustentam o lucro da máquina, a tentativas de agregar valor aos produtos.
Nesse cenário de evolução, de mudanças radicais ou incrementais, em produtos e corporações, como estão as empresas brasileiras? Temos empresas que inovam? Somos um país inovador? E mais, o que pode se considerar inovação, de fato? Agregar valor aos produtos exportados é ou não é um desfio das empresas brasileiras? Um terço do PIB vem da venda de commodities com pouco ou nenhum valor agregado. Não é um cenário novo o Brasil exportar matéria prima e importa-la na forma de valor agregado. O quilo da commodity vale menos de um dólar. Quanto vale um quilo de sachés de café? Ou um quilo de computador? Mesmo com o cenário que o mundo vai importar cada vez mais commodities agrícolas, há uma oportunidade favorável para a criação de produtos de valor agregado. Quem se habilita?
Matéria retirada do R7

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